O
trabalho de Chico Júnior é caracterizado pelo seu humor e pelo seu forte
sentimento de identidade ao povo do Crato. Humorista, cerimonialista, poeta,
professor de oratória, Chico é um dos patrimônios efervescente da diversidade
artística do Cariri. Um artista que foge dos rótulos e dos estereótipos o que
limitem a grupo de artistas ou tendências. Para ele é preciso criar condições
de trabalho os artistas daqui e frisa “é possível fazer bons shows de humor sem
importar humoristas, o intercâmbio é importante, mas há gente muito boa aqui”.
Alexandre
Lucas - Quem é Chico Júnior?
Chico
Júnior - Chico Júnior é um artista, um pai de um casal lindo,
esposo de uma mulher linda, mas também eletricista, técnico em eletrônica,
tecnólogo em automação industrial, cerimonialista, mestre de cerimônias,
professor de oratória, poeta, palestrante, apresentador, animador, locutor,
humorista e filho legítimo do Crato, nascido e criado no bairro do Seminário,
que foge de estereótipos, rótulos ou comparações que o limitem a um determinado
grupo de artistas ou tendências.
Alexandre
Lucas - Como se deu seus
primeiros contatos com arte?
Chico
Júnior - Há lampejos deste contato em lembranças de professoras
contando histórias no começo dos anos 80, no contato com a banda cabaçal dos
Aniceto nos festejos de São José do Seminário na mesma década. Há uma lembrança
clara de um contato com um disco do humorista Barnabé na infância, o contato
com as poesias do programa Coisas do Meu Sertão de seu Eloi, os programas dos
Trapalhões aos domingos, os filmes do gênial Charlie Chaplin, o programa de Jô
Soares e o contato com o imortal Chico Anysio.
Alexandre
Lucas - O seu trabalho é conhecido pelo humor. De onde vem essa
relação?
Chico
Júnior - O humor foi uma maneira natural encontrada pra ter
visibilidade, mas não foi algo pensado de forma fria e calculista, aconteceu. O
humor sempre esteve presente nas rodas de amigos e a imitação sempre foi um
ponto forte e o jornalístico Aqui Agora-1991 do SBT, trouxe um dos primeiros
imitados, Gil Gomes.
Alexandre
Lucas - Fale da sua trajetória?
Chico
Júnior - A década de 90 foi o divisor de águas para quem tinha
medo de falar ao telefone e chegou a sair de sala de aula pra não apresentar um
trabalho de biologia. As imitações de Gil Gomes, Sílvio Santos, dos personagens
de Chico Anysio, de pessoas do cotidiano, trotes em orelhão, o Senai, o
ingresso na Escola Técnica Federal do Ceará de Juazeiro do Norte(atual IFCE), a
Rádio Expansão e a Grendene deram as condições para o amadurecimento do artista
Chico Júnior que está em constante aprendizado e permitem o trânsito pelo mundo
do Humor, da Comunicação, da Educação, dos Cerimoniais e da Cultura. Não
esquecendo que nos últimos 8 anos, atuando no atual emprego na Chesf( Companhia
Hidro Elétrica do São Francisco) teve oportunidade de desenvolver as
competências de Humorista e Cerimonialista em eventos do cronograma da mesma.
Alexandre
Lucas - Como você vê a produção artística no Cariri?
Chico
Júnior - Como diria Pero Vaz de Caminha: Nesta terra em se
plantando até artista dá! Com todo respeito, claro.
Percebe-se que os artistas
até gostariam de produzir mais, mas há algumas limitações ligadas a produção.
Produção independente dá trabalho! O patrocinador quer contrapartida, o
produtor precisa ser pago, o artista também, os espaços são caros, a
publicidade requer investimento e o preço tem que ser justo?!?! Um ponto é
importante lembrar: Não há editais para todos os artistas e nem todos atendem
os requisitos para concorrer aos mesmos.
Um projeto precisa se pagar
para rodar, e infelizmente por conta da desvalorização histórica dos artistas
locais, por conta de uma ideia de que o artista de fora é melhor que o nosso,
ou o artista trabalha de graça ou procura um bico para viver, porque de arte é
difícil. Por estas e outras limitações algumas portas ficam fechadas, espaços
ficam sem uso, a população não tem acesso a várias modalidades de arte e tenham
certeza, cada um de nós tem culpa nisso.
Alexandre
Lucas - O Ceará é conhecido pelo humor. Como você analisa isso?
Chico
Júnior - O Ceará também é conhecido no ITA como um dos estados que
mais manda alunos! Não que seja o presente caso!
Fazer humor é tão difícil
quanto entrar no ITA. Tem gente que faz humor porque não sabe fazer outra
coisa, tem quem faça porque acha que pode fazer e se convence disso e termina
convencendo a gente! Tem espaço pra todo mundo, pra todo tipo de humor, para o
ruim e para o bom. No final das contas o humor precisa produzir riso e
inquietação. Humor precisa fazer cócegas no cérebro e provocar reações.
Rir de si e da desgraça é um
dos caminhos usados para produzir o riso, porque o outro sente alívio de não
estar na pele do “desgraçado”. Isto não quer dizer que o cearense é mais
vítima, mas miserável ou mais desgraçado, quer dizer que somos mais gaiatos.
Alexandre
Lucas - Como você percebe a produção humorística no Cariri?
Chico
Júnior - Está engatinhando, ela precisa se erguer e começar a
andar por si, precisa amadurecer, e temos um papel importante nisto, na
formação de plateia para humor. É possível fazer bons shows de humor sem
importar humoristas, o intercâmbio é importante, mas há gente muito boa aqui e
cito 3 nomes: Adauberto Amorim com um personagem espetacular que é o Coronel
Barduíno, o Pedro Ernesto com o grande Tranquilino Ripuxado e um cara muito
bom, o melhor de nós, o Francimilton ou simplesmente XUXO. Anotem estes nomes.
Alexandre
Lucas - Você é um dos colecionadores de vitrolas e vinis no
Cariri. Ainda existe pessoas interessadas nestas mídias?
Chico
Júnior - Isso é um hobby, uma paixão e algo que dá muito prazer,
porque faz parte da história, cada vinil tem uma história e eles contam muitas.
A cada dia descobrimos mais gente que gosta, que se interessa, que pesquisa
como o amigo Daniel Gonçalves, um jovem que pesquisa por amor, como o Evandro
Peixoto, o Abrahão Linard, Taciano Ribeiro e muitos outros. A cada dia ganha
mais força! Em junho passado, juntamente com a Amiga Rosa Waleska e com
Alexandre Lucas fizemos um movimento muito interessante, o Coquetel de Vitrolas
e Vinis que teve repercussão estadual em todos os meios de comunicação. Isso
mostra a vitalidade e o quão interessante é.
Alexandre
Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?
Chico
Júnior - Em 2013 tive a felicidade de estar com jovens da rede
municipal de ensino de Crato para palestras e foi possível conversar sobre
pontos importantes sobre a maneira como cada um está se dedicando ao próprio
futuro e ao presente, e esta disponibilidade permanece presente para trazer a
vivência e o exemplo para todas as escolas públicas que convidarem. Além de ter
participado da campanha Apae Esperança com o show de humor beneficente Os
Considerados- Humor de 5ª que foi um sucesso e que está disponível para atender
convites.
Alexandre
Lucas - Quais os seus próximos trabalhos?
Chico
Júnior - Em 2014 iremos oferecer mais turmas do nosso Curso de
Oratória e Expressão verbal chamado Comunique para que todos tenham a
oportunidade de melhorar como comunicadores;
Apresentaremos para as
escolas públicas palestras/oficinas sobre oratória;
Já me disponibilizei a levar
para a comunidade do Gesso esta palestra/oficina de oratória.
Como um dos únicos filiados
do Comitê Nacional do Cerimonial Público do Brasil, CNCP, no Cariri vamos
reforçar o tema Cerimonial na região, elevando o nível dos mesmos.
Iremos retomar com os shows
de Humor dos Considerados em modalidade dupla, trio e quarteto;
Traremos, em parceria com
nossa amiga Rosa Walesca, novas edições do Coquetel de Vitrolas e Vinis;
Iremos apostar nos nossos
canais de humor e de comunicação no youtube e melhorar cada vez mais.
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