quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Chico Júnior – Um artista gaiato


O trabalho de Chico Júnior é caracterizado pelo seu humor e pelo seu forte sentimento de identidade ao povo do Crato. Humorista, cerimonialista, poeta, professor de oratória, Chico é um dos patrimônios efervescente da diversidade artística do Cariri. Um artista que foge dos rótulos e dos estereótipos o que limitem a grupo de artistas ou tendências. Para ele é preciso criar condições de trabalho os artistas daqui e frisa “é possível fazer bons shows de humor sem importar humoristas, o intercâmbio é importante, mas há gente muito boa aqui”.

Alexandre Lucas - Quem é Chico Júnior?

Chico Júnior - Chico Júnior é um artista, um pai de um casal lindo, esposo de uma mulher linda, mas também eletricista, técnico em eletrônica, tecnólogo em automação industrial, cerimonialista, mestre de cerimônias, professor de oratória, poeta, palestrante, apresentador, animador, locutor, humorista e filho legítimo do Crato, nascido e criado no bairro do Seminário, que foge de estereótipos, rótulos ou comparações que o limitem a um determinado grupo de artistas ou tendências.

Alexandre Lucas -  Como se deu seus primeiros contatos com arte?

Chico Júnior - Há lampejos deste contato em lembranças de professoras contando histórias no começo dos anos 80, no contato com a banda cabaçal dos Aniceto nos festejos de São José do Seminário na mesma década. Há uma lembrança clara de um contato com um disco do humorista Barnabé na infância, o contato com as poesias do programa Coisas do Meu Sertão de seu Eloi, os programas dos Trapalhões aos domingos, os filmes do gênial Charlie Chaplin, o programa de Jô Soares e o contato com o imortal Chico Anysio.

Alexandre Lucas - O seu trabalho é conhecido pelo humor. De onde vem essa relação?

Chico Júnior - O humor foi uma maneira natural encontrada pra ter visibilidade, mas não foi algo pensado de forma fria e calculista, aconteceu. O humor sempre esteve presente nas rodas de amigos e a imitação sempre foi um ponto forte e o jornalístico Aqui Agora-1991 do SBT, trouxe um dos primeiros imitados, Gil Gomes.

Alexandre Lucas - Fale da sua trajetória?

Chico Júnior - A década de 90 foi o divisor de águas para quem tinha medo de falar ao telefone e chegou a sair de sala de aula pra não apresentar um trabalho de biologia. As imitações de Gil Gomes, Sílvio Santos, dos personagens de Chico Anysio, de pessoas do cotidiano, trotes em orelhão, o Senai, o ingresso na Escola Técnica Federal do Ceará de Juazeiro do Norte(atual IFCE), a Rádio Expansão e a Grendene deram as condições para o amadurecimento do artista Chico Júnior que está em constante aprendizado e permitem o trânsito pelo mundo do Humor, da Comunicação, da Educação, dos Cerimoniais e da Cultura. Não esquecendo que nos últimos 8 anos, atuando no atual emprego na Chesf( Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) teve oportunidade de desenvolver as competências de Humorista e Cerimonialista em eventos do cronograma da mesma.

Alexandre Lucas - Como você vê a produção artística no Cariri?

Chico Júnior - Como diria Pero Vaz de Caminha: Nesta terra em se plantando até artista dá! Com todo respeito, claro.
Percebe-se que os artistas até gostariam de produzir mais, mas há algumas limitações ligadas a produção. Produção independente dá trabalho! O patrocinador quer contrapartida, o produtor precisa ser pago, o artista também, os espaços são caros, a publicidade requer investimento e o preço tem que ser justo?!?! Um ponto é importante lembrar: Não há editais para todos os artistas e nem todos atendem os requisitos para concorrer aos mesmos.
Um projeto precisa se pagar para rodar, e infelizmente por conta da desvalorização histórica dos artistas locais, por conta de uma ideia de que o artista de fora é melhor que o nosso, ou o artista trabalha de graça ou procura um bico para viver, porque de arte é difícil. Por estas e outras limitações algumas portas ficam fechadas, espaços ficam sem uso, a população não tem acesso a várias modalidades de arte e tenham certeza, cada um de nós tem culpa nisso.

Alexandre Lucas - O Ceará é conhecido pelo humor. Como você analisa isso?

Chico Júnior - O Ceará também é conhecido no ITA como um dos estados que mais manda alunos! Não que seja o presente caso!
Fazer humor é tão difícil quanto entrar no ITA. Tem gente que faz humor porque não sabe fazer outra coisa, tem quem faça porque acha que pode fazer e se convence disso e termina convencendo a gente! Tem espaço pra todo mundo, pra todo tipo de humor, para o ruim e para o bom. No final das contas o humor precisa produzir riso e inquietação. Humor precisa fazer cócegas no cérebro e provocar reações.
Rir de si e da desgraça é um dos caminhos usados para produzir o riso, porque o outro sente alívio de não estar na pele do “desgraçado”. Isto não quer dizer que o cearense é mais vítima, mas miserável ou mais desgraçado, quer dizer que somos mais gaiatos.

Alexandre Lucas - Como você percebe a produção humorística no Cariri?

Chico Júnior - Está engatinhando, ela precisa se erguer e começar a andar por si, precisa amadurecer, e temos um papel importante nisto, na formação de plateia para humor. É possível fazer bons shows de humor sem importar humoristas, o intercâmbio é importante, mas há gente muito boa aqui e cito 3 nomes: Adauberto Amorim com um personagem espetacular que é o Coronel Barduíno, o Pedro Ernesto com o grande Tranquilino Ripuxado e um cara muito bom, o melhor de nós, o Francimilton ou simplesmente XUXO.  Anotem estes nomes.

Alexandre Lucas - Você é um dos colecionadores de vitrolas e vinis no Cariri.  Ainda existe pessoas  interessadas nestas  mídias?

Chico Júnior - Isso é um hobby, uma paixão e algo que dá muito prazer, porque faz parte da história, cada vinil tem uma história e eles contam muitas. A cada dia descobrimos mais gente que gosta, que se interessa, que pesquisa como o amigo Daniel Gonçalves, um jovem que pesquisa por amor, como o Evandro Peixoto, o Abrahão Linard, Taciano Ribeiro e muitos outros. A cada dia ganha mais força! Em junho passado, juntamente com a Amiga Rosa Waleska e com Alexandre Lucas fizemos um movimento muito interessante, o Coquetel de Vitrolas e Vinis que teve repercussão estadual em todos os meios de comunicação. Isso mostra a vitalidade e o quão interessante é.  

Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?

Chico Júnior - Em 2013 tive a felicidade de estar com jovens da rede municipal de ensino de Crato para palestras e foi possível conversar sobre pontos importantes sobre a maneira como cada um está se dedicando ao próprio futuro e ao presente, e esta disponibilidade permanece presente para trazer a vivência e o exemplo para todas as escolas públicas que convidarem. Além de ter participado da campanha Apae Esperança com o show de humor beneficente Os Considerados- Humor de 5ª que foi um sucesso e que está disponível para atender convites.

Alexandre Lucas - Quais os seus próximos trabalhos?

Chico Júnior - Em 2014 iremos oferecer mais turmas do nosso Curso de Oratória e Expressão verbal chamado Comunique para que todos tenham a oportunidade de melhorar como comunicadores;
Apresentaremos para as escolas públicas palestras/oficinas sobre oratória;
Já me disponibilizei a levar para a comunidade do Gesso esta palestra/oficina de oratória.
Como um dos únicos filiados do Comitê Nacional do Cerimonial Público do Brasil, CNCP, no Cariri vamos reforçar o tema Cerimonial na região, elevando o nível dos mesmos.
Iremos retomar com os shows de Humor dos Considerados em modalidade dupla, trio e quarteto;
Traremos, em parceria com nossa amiga Rosa Walesca, novas edições do Coquetel de Vitrolas e Vinis;

Iremos apostar nos nossos canais de humor e de comunicação no youtube e melhorar cada vez mais.

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