Poeta, MC, repentista, grafiteiro, designer gráfico, Marlon Torres
tem um trabalho de misturar o tradicional e o contemporâneo e de espalhar as
suas obras pelas ruas do Brasil. Marlon é uma das principais referencias da
Arte Urbana na região do Cariri e vem participando de vários eventos de artes a
nível nacional.
Alexandre Lucas - Quem é Marlon Torres?
Marlon Torres - É alguém que constantemente se perde entre
cores e palavras, alguém que deixou a arte lhe levar pra qualquer lugar, sem
temer que esse lugar fosse um lugar ruim. Pelo simples fato de que nesse lugar
haveria arte.
Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?
Marlon Torres - Bem, essa parte é mais difícil. Acho que por
volta de 1996, escrevendo e desenhando alguma coisa.Depois desse ano,
provavelmente, conheci a cultura hip-hop, que (acho que) ainda engatinhava pelo
nordeste.Apeguei-me intensamente à essa cultura, porque? não sei.Mas era como
se eu ficasse completo com ela.Daí, os desenhos se tornaram graffiti e as
poesias, algum tipo de manifesto.
Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?
Marlon Torres - Essa parte é ainda mais difícil que a anterior.
(risos).
É muito difícil tentar descrever por quem um artista se
influencia...Um risco, um pincelada, uma palavra em um contexto, uma utilização
de certas cores, tudo isso influenciam artistas...Agora pergunto:Quantos riscos
e pinceladas de desenhos ou pinturas uma
pessoa não vê no decorrer da vida?Quantas poesias de diferentes estilos um
poeta já não leu no decorrer da vida? Então, acho que é meio complicado de se
responder algo assim. O certo seria afirmar:O artista se influencia por tudo
que for arte e a arte propriamente dita, é influenciada por um artista.Existe
essa reciprocidade entre os dois.
Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e
política?
Marlon Torres - A arte
é, e se não for, deveria ser, resposta para alguma coisa. O artista e sua arte,
tem que servir como um comunicador da sociedade, divulgando um sentimento, uma
ideia, uma dor dentro da sua arte para a sociedade como um todo.
Alexandre Lucas - A
rua é sua galeria?
Marlon Torres - Sempre, galerias tem hora pra abrir e
fechar.Galerias tem preço pra se ter acesso. A rua está aberta todo o tempo, a
rua não precisa de seleção pra expor obra de ninguém A rua tem espaço
ilimitado pra todo mundo.Nem sempre todos terão acesso às galerias.Sempre
pensei assim: Quantos mais galerias de artes, mais ruas cinzentas e vazias de
arte.
Marlon Torres - A arte urbana tem um papel fundamental para
com a cidade. Tentar levar mais cores para as ruas, alem do preto, cinza e o
branco.Tentar levar mais humanização, alem de carros e maquinas, tentar levar
mais sentimentos, alem de ganância por/e poder.
Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?
Marlon Torres - Tentar fazer o que a arte urbana faz, ver
resposta anterior.
Alexandre Lucas - Qual a sua relação com o hip-hop?
Marlon Torres - Sou militante da cultura hip-hop, desde o
meio ao final da década de 90.Como Mc(Mestre de Cerimônia).Sempre tive contato
com a poesia, principalmente a matuta.Mais precisamente a do repente nordestino
e o cordel.A habilidade de improvisar versos sempre andou junto comigo. Sempre
andava "brincando" de rimas com os amigos, mas sem esquecer o
desenho. Quando em 2005, fiz minha primeira pintura de graffiti e a partir daí,
nunca mais parei.
Alexandre Lucas - Como você enxerga os coletivos de artistas?
Marlon Torres - É algo mais além do que um grupo de pessoas. É
um grupo de mentes árduas pelo conhecimento/vivência artística.Várias mente com
um propósito e um mesmo ideal: Levar a arte até onde ela não consegue chegar
por algum motivo.
Alexandre Lucas - Você mistura repente e rap. Isso é
possível?
Marlon Torres - Sim, o repente, assim como RAP são duas
formas de manifestação cultura feitas através da música.Poderia assim dizer que
o RAP nada mais é, que uma evolução modificada do repente.Então, se os dois
vieram de um mesmo lugar, por que não aliá-los?
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