A cordelista carrega uma exuberância de
versos fraternos na forma de lida com a literatura. Josenir Lacerda é uma das inúmeras mulheres do
Cariri que escreve cordel e que transita cotidianamente no universo da arte.
Integrante da Academia dos Cordelistas do Crato e da Academia Brasileira de
Literatura de Cordel. Josenir montou na sua própria casa uma budega para
divulgar o artesanato e a literatura “popular”, na qual recebe artistas e
pesquisadores de diversos estados brasileiros para beber da sua deliciosa
conversa mansinha.
Alexandre Lucas - Quem é
Josenir Lacerda?
Josenir Lacerda –
Sou poeta, cordelista
Sou dedicada artesão
Natural aqui do Crato
E dele ardorosa fã
Retalhos de “ser feliz”
Emendo a cada manhã
Garanto que ainda sou
A mesma eterna criança
Que brinca de embalar sonhos
De fabricar esperança
Na mente imaginativa
A fantasia inda dança
Elói Teles, Patativa
Também o Cego Aderaldo
Os meus pais e meus avós
Professor Zé Esmeraldo
São exemplos de vida
Meu incentivo e respaldo.
Pela arte popular
Sinto um amor verdadeiro
Vejo em nossa tradição
Rico e cultural celeiro
Que transforma o Cariri
Em vasto e fértil canteiro.
Alexandre Lucas - Quando teve início o seu
despertar pela Leitura?
Josenir Lacerda – Na infância
ainda, começou meu interesse pela leitura.
Alexandre Lucas – Qual a influência do seu
trabalho?
Josenir Lacerda – Tenho
admiração por vários poetas e escritores, o que me estimulou a escrever, porém
nunca me detive para tentar descobrir algum sinal que caracterizasse a
influência de algum especificamente.
Alexandre
Lucas – Fale da sua trajetória?
Josenir Lacerda – Escrevo por
necessidade de comunicação, bloqueada pela timidez, desde a adolescência. Tenho
alguns cordéis publicados antes do meu ingresso na Academia dos Cordelistas do
Crato em 1991 e hoje e conto com uma significativa produção divulgada em alguns
pontos do Brasil. Em 2010 ingressei na Academia Brasileira de Literatura de
Cordel no Rio de Janeiro.
Alexandre Lucas – Qual foi o
seu primeiro cordel?
Josenir Lacerda – Foi “O
Manequim”, que continuava inédito, engavetado esperando seu momento. O primeiro
editado, foi “A “cabôca” que enganou o santo” em parceria com Iris Tavares. E
ao ingressar na ACC foi “Severino e Luzia ou As Proezas do Destino”.
Alexandre
Lucas – A região do Cariri se destaca pela quantidade de
cordelistas. Isso influenciou a sua
carreira poética?
Josenir Lacerda – A
efervescência cultural do Cariri como um todo, estimula, contagia e influencia.
Alexandre
Lucas – Você hoje faz parte da Academia Brasileira de
Literatura de Cordel. O que isso
representa para você?
Josenir Lacerda – Significa
não só uma conquista pessoal como cordelista, mas a chance de representar a
mulher caririense na conceituada instituição nacional do cordel.
Alexandre
Lucas - Como você caracteriza a sua poética?
Josenir Lacerda – Prefiro não
buscar uma característica específica, pois de certa forma isso gera um rótulo e
tira um pouco da liberdade de explorar os temas. Costumo dizer que a inspiração
é igual a menino “birrento” que chega puxando a saia da mãe querendo algo
imediatamente nos momentos inoportunos e inusitados. Geralmente procuro atender
ao tema sugerido pela “musa” sem me preocupar em manter uma linha ou
característica. Talvez minha poética tenha essa característica: “diversidade de
temas“.
Alexandre
Lucas – A sua residência se tornou ponto de referência para
a pesquisa sobre cultura popular por
conta do espaço que você criou
“Cordel e Arte”. Isso contribui para a
sua produção poética?
Josenir Lacerda – Contribui
sim, pois cada contato oferece um pouco de conhecimento, aprendizado,
informação e isso alimenta a criatividade e estimula a produção.
Alexandre
Lucas - O que é a poesia para você?
Josenir Lacerda – A poesia pra
mim
É uma amiga sincera
Que assume meus queixumes
Faz de inverno, primavera
Compreende os meus medos
Guarda fiel meus segredos
Meu sonho, minha quimera.
Josenir, sua entrevista
ResponderExcluirtá arretada de boa.
você pra mim , grande artista,
para mim é a PATROA!
Bastinha Job